História
Capela de Santana
O bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, na primeira metade do Século XX abrigava o Estádio da Baixada (Grêmio) e o Hipódromo dos Moinhos de Vento. Foi neste ambiente que a paixão pelo Grêmio e pelas corridas de cavalo foi fortalecida em Flavio Obino. Seu pai, Gabriel, Presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio e pequeno proprietário de cavalos de corrida, contribuiu para o fortalecimento destes laços.
Flavio Obino também foi pequeno proprietário. Flávio Obino Filho vibrava com as vitórias conquistadas no Hipódromo do Cristal pelos cavalos do pai.
Em 1974, já na direção da Arrozeira Brasileira S. A., Flavio Obino desenvolveu um ambicioso projeto de criação do cavalo de corrida (Puro Sangue Inglês) como negócio. Nascia o Haras Capela de Santana. Foram compradas na Argentina éguas prenhes, outras em final de campanha, e potrancas de dois anos que seriam futuramente aproveitadas como reprodutoras; bem como o cavalo Sin Olvido (El Centauro), para futuro reprodutor. Os primeiros produtos nasceram em 1975 (Run Horse foi o primeiro). Em 1976, na sua primeira geração oferecida em leilão, os produtos do Capela de Santana foram comprados por importantes proprietários do Rio de Janeiro, e Capela Sun (Solazo) bateu o recorde dos leilões de potros do Rio Grande do Sul. O Capela figurou entre os dez primeiros da estatística de criadores na Gávea com sua geração de 1976.
Em 1977 foi adquirido o Haras Serrilhada em Bagé. O projeto arrojado previa duas seções, uma em Bagé (na época despertando para a criação do PSI) onde ficariam as matrizes e a de Capela de Santana para a finalização do preparo dos potros para os leilões. O craque uruguaio Chaval foi incorporado nesta compra. Finalmente, foi adquirido o garanhão americano Yonder II, filho do lendário Bold Ruler, e a época pai das recordistas dos 1.000 metros no Chile (Kippy) e Argentina (Malaika). O plantel de reprodutoras era formado por cerca de 60 (sessenta) matrizes, na sua maioria argentinas e uruguaias, mas também por inglesas, francesas e nacionais selecionadas.
Problemas financeiros da Arrozeira Brasileira S. A., no início dos anos 80, não permitiram a continuidade do projeto. As áreas em que o Haras Capela de Santana estava instalado foram negociadas, éguas vendidas, e o haras transferido para Eldorado do Sul (ainda em instalações da Arrozeira Brasileira). A área era imprópria para a criação e em 1986 a seção foi desativada. O Haras Capela de Santana, criando poucos produtos por ano e em regime de pensionato, se manteve ativo.
Em 2004, incentivado pelo sucesso como proprietário (Stud Casablanca) e por sua esposa Ana Lúcia Garbin, Flávio Obino Filho adquiriu uma área de terras em Sentinela do Sul e retomou a criação Capela de Santana em local próprio. Privilegiando a qualidade e criando cavalos para o Stud Casablanca, o Haras Capela de Santana produziu, neste período, os ganhadores clássicos Yes Grêmio, Caio de Naranjos, Duque di Lorenzo, Grecco Sim, Hastapopoulos, Hermano Lô, Honfleur, Huellas de Arena, Herói Fon, Iabud, Kacique Fon, Karkaroff, Kung Fú Lô, Mucho Fon, Nadador Lô, Odin, Obinophone, Olé Gremista, Muguruza, Quéchua, Rocky Fon, Riomaggiore, Rauzan, Renight, Sonhador Vi e Temido Fon Figurou entre os dez haras melhores colocados por aproveitamento nas estatísticas nacionais de criadores de ganhadores de provas black type e venceu quatro estatísticas de criadores no Cristal, e quatro de criadores da nova geração.
Flávio Obino Filho, Ana Lúcia Garbin, Flávio Obino Neto, Lorenzo Garbin Obino e Vicente Garbin Obino estão hoje a frente do haras que em 2024 completará 50 anos.
Casablanca
Flávio Obino Filho, desde seus primeiros passos, frequentou o Jockey Club do Rio Grande do Sul e sua paixão pelos cavalos aumentou com o sucesso nas pistas das éguas importadas da Argentina para formarem o Haras Capela de Santana.
Com a desativação das instalações do Haras Capela de Santana nos anos 80 e com a forte atividade profissional desenvolvida na área do Direito, Flávio Obino Filho acabou se afastando do hipódromo. O retorno ocorreu em 1998. Durante uma sessão do Conselho da OAB (integrava o Conselho) comprou, por telefone, em um leilão de animais em treinamento, o cavalo Guerreiro King, de criação do Haras Lorolú e que defendia os interesses da família Machline em São Paulo.
Guerreiro King foi alojado nas cocheiras do treinador Hermínio Machado (antigo capataz do Haras Capela de Santana nos anos 70) e se transformou no melhor milheiro do Cristal, vencendo o GP Presidente da República (milha do Bento Gonçalves) à época prova de Grupo 3.
Na sequência foi adquirido Vício Sagrado, campeão de velocidade no Cristal, e formado o Stud Casablanca. A princípio constituído por cavalos em campanha adquiridos no centro do país e depois, por produtos criados no Haras Capela de Santana, o stud rapidamente se tornou uma das forças do turfe gaúcho.
O primeiro campeonato de proprietários (estatística) veio logo. Na temporada 1999/2000 foram 24 vitórias, sendo 10 na esfera clássica. O tri-campeonato seguido foi conquistado em 2002. Hoje são seis títulos. Flávio Obino Filho, através do Stud Casablanca e de outras parcerias, é provavelmente o maior ganhador da história do turfe gaúcho. Já são mais de 500 vitórias no Cristal, sendo aproximadamente de 160 na esfera clássica. Quanto aos clássicos, Flávio Obino Filho é o maior ganhador da história do Jockey Club do Rio Grande do Sul tendo superado o proprietário Breno Caldas que tinha a marca de 122 vitórias na esfera nobre.
As conquistas do GP Bento Gonçalves (Amor Eterno em parceira com Luiz Fernando Cirne Lima) e do GP Protetora do Turfe (Mucho Dinero em parceira com Caio Zogbi Vitória), os triunfos e recordes do super craque Tokay, as vitórias de Muguruza em provas de Grupo, os Presidentes da República (Guerreiro King, Conde Vic, Tokay e Mucho Fon), as cinco Taças de Cristal com produtos criados pelo Haras Capela de Santana (Yes Grêmio, Grecco Sim, Hermano Lô, Nadador Lô e Olé Gremista), a liderança da geração de Sonhador Vi e Temido Fon são os destaques dessa trajetória vitoriosa.
O Stud Casablanca e o novel Stud Vicente Garbin Obino seguem acreditando no turfe brasileiro e na indústria da criação de cavalos.